segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os dois soberanos

«A natureza colocou a humanidade sob o governo de dois senhores soberanos, a dor e o prazer.»

Por Jeremy Bentham, em Introduction to the principles of moral and legislation.

domingo, 27 de dezembro de 2009

A relatividade humana

Estava a estudar Heraclito e Parménides, quando me apercebi que, de facto, é impossível conhecer verdadeiramente alguém. Estudamos estes autores conscientes de que, se nos esforçarmos, as probabilidades de tirar uma grande nota aumentam. No entanto, nunca podemos ir além daquilo que o nosso consciente nos diz e, como é o nosso consciente que fala e não o deles, torna-se impossível conhecer a verdade. Somos seres relativos por excelência, vemos sempre as coisas segundo o nosso ponto de vista, e é esse ponto de vista que nos limita e faz desacreditar. Aliás, chegamos mesmo alguma vez a acreditar? Por mais que tentemos descodificar aquilo que as outras pessoas nos tentam transmitir através da linguagem, nunca chegamos a saber aquilo que dizem em absoluto. As ideias só são no pensamento e nunca nas palavras. Cá fora, elas não passam de aparências. E é por o ser humano viver no mundo das aparências e não no da realidade, que aquilo que de nós nasce é apenas e só um mar infindável de opiniões.

Assim, só irei até onde a minha imaginação me deixar.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Amigo

"Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!"

Alexandre O'Neill


Nestes últimos meses, tenho descoberto, calma e cuidadosamente, saboreando cada segundo novo, como é bom ter amigos quando se está longe daqueles que sempre se amou. É triste passar um fim-de-semana longe do nosso lar, da nossa cidade, sozinha, numa casa que nunca foi, não é nem será nossa. Um lugar que, antes de pisar, já sabemos ser passageiro. A solidão é boa, mas em quantidades moderadas. Nunca se deve exagerar dela, pois o silêncio que tão bem nos sabe em certos instantes pode trair-nos. Pode mesmo tornar-se no pior dos sabores. Por isso, quando me encontro sozinha a olhar para a chuva que bate na janela do meu quarto como que a querer entrar, alguém me chama e eu vou a correr. O coração enche-se de alegria e toda eu me sinto aquecida com as vozes daquela gente que, sem pedir nada em troca, me faz sorrir o maior dos sorrisos. É o poder de uma amizade recente, jovem, promissora. É uma força que, para alguns, emerge na melhor fase da sua vida e que, para outros, faz regressar a uma juventude que até então tinha estado posta de parte. Só de parte, porque aquilo que é jovem nunca morre. Em conversas intermináveis, fala-se de tudo, de nada, num tudo e nada que só nós percebemos… e amamos. As palavras são portadoras de carinhos. E são os carinhos, os olhares cheios de ternura, a mesma paixão pela Filosofia e os mesmos sonhos que me fazem sentir tão bem na minha nova cidade. Cidade de nome belo, e de gentes e paisagens ainda mais maravilhosas!


A todos os amigos de Braga.


Sara Gonçalves

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Próspero 2010

Neste Natal frio e chuvoso, aproveito para lembrar que o melhor calor do mundo é aquele que está dentro do coração de que cada um de nós. Um sentimento que se reforça ao longo de todo o ano com palavras reconfortantes, carinhos e momentos inesquecíveis e que, por tradição, sobressai nesta época de luzes e cores. Mais do que dar e receber presentes materiais, é importante que as mãos se unam e dêem asas à melhor das sensações! Não é só no Natal que devemos lembrar-nos das pessoas que, sem família, dinheiro ou, pior, sem esperança, rezam para que estes dias de festa passem, mas sim durante todo o ano. Se não o fazemos, então, há que aproveitar esta altura para começar! Pegando em Fernando Pessoa, se Deus quiser e o homem, acrescento, mais do que sonhar, fizer, a obra nasce. Façamos, então, nascer um mundo melhor! É este o meu maior desejo para este Natal. Este e o de que, todos aqueles que leiam esta mensagem na sua caixa de correio electrónico (sim, este ano decidi inovar e desejar boas festas através de um meio mais sofisticado!), tenham uma consoada fantástica, cheia de saúde, amor e harmonia. Aproveito ainda para fazer votos de que o ano novo que se segue traga mil alegrias, com muitas realizações a nível pessoal e profissional. Que 2010 seja o melhor dos anos, que 2011 o ultrapasse e que, em 2012, os Maias se enganem e o mundo não acabe… Que a vida, a partir de hoje, vá ganhando cada vez mais BRILHO!

São os votos da amiga,

Sara Gonçalves.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

"Hannah & Martin", no Teatro Aberto


«Durante os julgamentos de Nuremberga, Hannah Arendt visita Martin Heidegger, seu antigo professor, com quem tinha tido uma relação amorosa. Este encontro entre o filósofo que aderira ao nazismo e a pensadora judia que partira para o exílio nos Estados Unidos leva-os a reviver o passado e a procurar explicar o que os tinha unido e separado. Hannah e Martin é uma peça onde o universo mais íntimo das personagens se mistura com a política, a história e a ética, colocando questões pertinentes ao espectador de hoje.»
Versão
João Lourenço | Vera San Payo de Lemos

Dramaturgia

Vera San Payo de Lemos

Encenação e Realização Vídeo

João Lourenço

Cenário

António Casimiro | João Lourenço

Figurinos

Maria Gonzaga

Supervisão Audiovisual

Aurélio Vasques

Luz

Melim Teixeira

Interpretação
Ana Padrão | Cátia Ribeiro | Cristovão Campos | Diogo Mesquita | Francisco Pestana | Irene Cruz | João Ricardo | João Silvestre | Luís Alberto | Maria Ana Bernauer | Rui Mendes

HORÁRIO DOS ESPECTÁCULOS


Quartas-feiras a Sábados: 21:30h

Domingos: 16:00h.


Em exibição no Teatro Aberto, em Lisboa, de 19 de Dezembro de 2009 a 28 de Fevereiro de 2010.


ATENÇÃO: Não haverá espectáculo nos dias 23, 24, 25, 30 e 31 de Dezembro.


Mais informações em http://www.teatroaberto.com/



segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

"As Memórias do Pai Natal"

Era um ambiente repleto de luz e igualmente cheio de calor humano. À minha volta estavam dezenas de pessoas em quem eu podia ter reparado, mas os meus olhos apenas se focaram no mais simples dos seres. Uma criança de rosto rosado olhava para um mar de livros repleto de histórias infantis, daquelas que nos fazem sonhar com contos de fadas e que tornam tudo muito mais fácil. É triste quando chega o dia em que as noites terminam com um suspiro de cansaço e não com um sorriso de esperança! A honestidade vai-se perdendo à medida que o tempo passa, mas, também por isso, o nosso desejo de a ter de volta cresce, e cresce. Naquele momento, olhar para aquele menino foi como ver-me ao espelho. Dantes, também era assim... Pegava num livro e sentia que podia, com as suas palavras, conquistar o mundo! O toque das folhas enchia o meu peito de conforto e o cheiro do papel era o melhor dos aromas natalícios. “As memórias do Pai Natal” - leu a criança, a olhar para o pai com um ar enternecido. Sorri com aquela simples frase e os meus olhos encheram-se de lágrimas. Foi nesse momento que percebi que vivemos mais ao acreditar em alegres utopias do que em tristes realidades.

Demónios em Mim

A loucura humana

Atinge o seu pico mais alto

Quando de boca leviana

Se soltam gritos no vácuo.

A escuridão inunda o coração

De quem já não conhece

Nada mais do que aquela respiração

Que, ofegante, não desaparece!

São os demónios que pairam na mente,

Cortando-me os sonhos com afiada faca.

Ó, vida demente!,

Esta que me mata.


Sara Gonçalves