O vento que bate em meu rosto
Pinta-o de branco.
Branco como a neve
Que cobre os caminhos
Que outrora tilintavam
Com os saltos de uma mulher.
Mãos gélidas invadem os bolsos
Onde agora nada mais cabe
Senão este desmedido tremer.
Se é frio?
Se é medo?
Se é dor?
Quem sabe?
O silêncio das árvores despidas
Brota no meu peito
Que respira com dificuldade.
Que sobe, desce, sobe, desce.
Desce.
Nu.
Inverno que parece não ter fim,
Há quanto tempo existe
Eu não sei.
Nem eu,
Nem ninguém.
Sara Gonçalves,
Braga, 26 de Novembro de 2010.