domingo, 25 de setembro de 2011

Outono

«O Outono é uma
Segunda Primavera
Se cada folha
For uma flor.»


Albert Camus

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Meia-Noite em Paris", de W.Allen


Pergunto-me o que torna Paris tão especial. Uns preferem-na diurna, outros noturna (os amantes da vida boémia, em particular). O protagonista do novo filme de Woddy Allen prefere Paris à chuva.

De dia, de noite ou à chuva, penso (sem nunca lá ter ido) que Paris é sempre especial.

Meia-noite em Paris prova isso mesmo. O filme enceta com imagens arrasadoras da cidade. Ouvi alguns «uau!» no cinema durante os primeiros minutos. Eu própria estava encantada (confesso que só me apetecia saltar para dentro do ecrã e ser uma das personagens! Pisar aquele chão ter-me-ia dado quilogramas de felicidade!).

Depois de um delicioso passeio virtual, a história. Um escritor, noivo de Inez, uma mulher rica e atraente, arrisca escrever um romance em vez dos seus já habituais guiões cinematográficos. Todas as noites, quando toca o sino da igreja anunciando as doze badaladas, Gil apanha uma carruagem que o leva até aos anos 20 parisienses, um poço de inspiração, época de grandes vultos como Ernest Hemingway, Gertrude Stein ou Pablo Picasso. Aí conhece Adriana, personagem que surge enquanto amante do pintor anteriormente citado, por quem o escritor se apaixona profundamente. Acontece que Gil troca Inez pelos anos 20 e Adriana acaba por trocar Gil pela Belle Époque. Mas não, não se apoquentem. No final, surge um novo amor – e este no presente.

Resumindo: Allen sai de cena com uma verdadeira obra-prima. Os meus parabéns pela inteligência, perspicácia e elegância com que construiu Meia-Noite em Paris.

C’est suprême!


Sara Gonçalves

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Paciente é o Amor

No céu a bruma do norte,

No quarto cama fria e solitária

Onde adormeço todas as noites

Só.

Foi essa solidão que me fez querer

Enterrar para sempre

Teu nome,

Tua voz,

Tua imagem.

Pensou minha razão ingénua

Que havia elegido caminho mais seguro.

Perguntam-me que caminho é esse.

Todos o chamam de ‘adeus’.


‘Adeus’ pronunciei vezes que não se contam

Antes de te enviar, por fim, a palavra.

Essa palavra que,

Sob um infindo fio de lágrimas,

Poria fim ao sofrer.

Não sabia eu o que isso era,

Pois se o soubesse

Tal despedida não teria sido mais

Que pura quimera.


Nada no mundo se pode separar

Sem antes se ter unido.


Espero que nos unamos, um dia.

Até lá guardo com cuidado

O pensamento que te pensa,

O coração que te sente,

O amanhã que te trará até mim.

Por nós o aguardo

Sem pressas nem devaneios,

Sem escapes nem injúrias.


O caminho mais fácil é a fuga,

Mas não há fuga que traga felicidade.

A verdadeira força humana reside na paciência.

Paciente é o amor.


Sara Gonçalves

Torres Vedras, 14 de Setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Os Jovens Portugueses e a Leitura

«Há mais jovens a considerar que a leitura é importante para a sua vida pessoal. Em 2007, entre os que tinham 15 a 24 anos, 30,6% consideraram-na "muito importante". Em Março passado, neste grupo etário, já eram 52,4% os que afirmaram o mesmo. Este aumento de 22 pontos percentuais regista-se entre o primeiro e o quinto ano de vigência do Plano Nacional de Leitura (PNL), frisa-se no relatório de avaliação externa daquele programa, que será hoje apresentado em Lisboa.»

Foi esta a notícia lançada hoje pelo jornal Público acerca de um inquérito desenvolvido em Março deste ano, que contou com uma amostra de 1257 indivíduos.

De entre os vários comentários online feitos pelos leitores do diário a esta notícia, gostaria de mencionar um em particular: «O que me preocupa verdadeiramente é o facto de 47.6% dos jovens entre os 15 e os 24 anos não achar a leitura muito importante…». Caríssimo Miguel, de Paço de Arcos, concordo consigo. Ainda que inferior, este segundo número pesa mais.

A leitura tem inúmeras vantagens: estimula o cérebro, aumenta a nossa capacidade de raciocínio, torna o ser humano mais criativo e o seu discurso mais rico. Infelizmente, muitos são os que não vêem estas vantagens e pensam que a fórmula matemática da leitura de um bom livro é a subtracção (ou tempo perdido) e não a soma (ou conhecimento adquirido).

Talvez o principal problema dos jovens, em geral, seja a ausência de estímulo. Muitos são os encarregados de educação que preferem assistir a uma telenovela depois de jantar do que ler O Primo Basílio. Têm toda a legitimidade para o fazer. Contudo, o facto de os mais velhos não gostarem de ler Eça de Queirós não implica necessariamente que não possam ajudar os filhos na busca pelos encantos da leitura. Contar uma história antes de adormecer, ir a uma feira do livro ao Domingo à tarde ou comprar o semanário são encorajamentos que não dão muito trabalho e podem, um dia, gerar bons frutos.

É entre os 15 e os 24 anos que se solidificam as identidades. Por isso, não é demais pedir que, num próximo inquérito, o número de jovens que considerem a leitura importante para a sua vida pessoal seja bastante superior. Ficar satisfeito com a maioria é cruzar os braços.


Sara Gonçalves