sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Querida Avó

Querida avó,

Desde que partiste que, no dia 8 de dezembro, dedico-te algumas palavras neste meu espaço. Poderia deixá-las na minha mente e, assim, só tu me ouvirias. Porém, o meu amor por ti é tão grande que sou forçada a mostrá-lo ao mundo à minha maneira.

Hoje, Portugal celebra o dia de Nossa Senhora de Conceição. Eu celebro o dia de Conceição Abreu, a mulher mais fantástica que alguma vez conheci. Não te pude acender uma vela (ainda tentei, mas o Sameiro tinha tanta gente que preferi não me enfiar no meio da multidão; não teria aquele silêncio que é imprescindível ao momento em que a chama emerge tal como um beijo que aquece o coração de quem o recebe), nem visitar o sítio onde dormes o mais profundo dos sonos, nem oferecer-te flores. Estou longe. Ainda assim, quero dar-te os parabéns e salientar que nunca me esqueço de ti. Estás sempre comigo e eu contigo. No meio da frialdade, somos o abrigo uma da outra.

Hoje, tive a visita dos meus pais e do teu marido, meu avô. Vi nos seus olhos alguma tristeza; porém, também vi que o esforço por esconde-la foi enorme. Talvez tenham percebido que tu não queres que estejamos tristes, muito menos por tua causa.

Espero que daí, desse lugar de onde nos vês, tenhas ficado orgulhosa com os sorrisos que se desenharam nos nossos rostos, cansados de chorar. Não cansados de te chorar a ti, querida avó, mas sim fatigados deste mundo injusto que, por vezes, não parece ter outra finalidade senão a dor e o sofrimento (como diria o filósofo Schopenhauer que ando a estudar para o teste de quinta-feira).

Quero que todos saibam que és a minha força, a minha inspiração, o meu conforto, a minha referência. Sempre foste, sempre serás.

Vou dormir e espero, sinceramente, encontrar-te nos meus sonhos. Talvez aí te possa abraçar, sentir não só o teu amor, como também o teu cheiro que me faz retornar àquela infância tão feliz que me proporcionaste.

Um beijo acompanhado de muito amor.


Da tua neta.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Parabéns ao Fado!

"O Fado", de José Malhoa

No passado domingo, dia 27 de novembro de 2011, o fado foi considerado património cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Tal facto deve constituir um grande motivo de orgulho para todos os portugueses, principalmente numa altura em que a descrença no amanhã está cada vez mais enraizada nos nossos corações. Além das vantagens internas (como, por exemplo, a reedição de discos esquecidos), os benefícios internacionais desta consagração são muitos e farão, certamente, com que o povo português volte a acreditar no valor das suas tradições. Enquanto saudosistas, esquecemo-nos muitas vezes que a palavra saudade, como diria o filósofo Teixeira de Pascoaes, tem dois vetores: um negativo – o da falta; e um positivo – o da esperança. Talvez seja altura de nos concentrarmos no que Portugal tem realmente de bom. Temos um clima maravilhoso, temos Lisboa (considerada a melhor cidade da Europa para passar férias pelos turistas estrangeiros), temos a terceira melhor livraria do Mundo (a Lello, no Porto), temos o vinho do Porto e temos muito mais. A esta lista juntamos ainda uma canção que, a partir de agora, será projetada a nível mundial. Este estatuto fará com que as pessoas se interessem mais pelo nosso país (e isso irá refletir-se no turismo o que, por sua vez, ajudará a economia portuguesa a crescer); já para não falar, é claro, da valorização da língua portuguesa.

É caso para dizer... parabéns ao fado!

Sara Gonçalves