domingo, 21 de fevereiro de 2010
Irvin D. Yalom
Quando fiz 19 anos, a minha comadre ofereceu-me um livro intitulado Quando Nietzsche chorou. Disse-me que queria presentear-me com algo relacionado com a Filosofia, mas um pouco mais “leve”, em género de romance.
Lembro-me de ter devorado o referido livro no espaço de pouco tempo e de o ter achado tudo menos “leve”. A obra culmina com a libertação de Nietzsche. Ao conseguir compartilhar a sua solidão com outro ser humano, o filósofo consegue finalmente chorar.
Nunca tinha ouvido falar no nome deste autor. No entanto, com a sua escrita e história hipnotizantes, Irvin D. Yalom passou, desde então, a ser uma referência no meu gosto literário.
Yalom, nascido a 13 de Junho de 1931 em Washington DC, Estados Unidos, é filho de imigrantes russos. Formou-se em psiquiatria na Universidade de Stanford e nesse mesmo lugar vive há já 47 anos.
Tornou-se conhecido quando a sua obra Love's Executioner and Others Tales of Psychotherapy, publicada em 1989, alcançou a lista de livros mais vendidos nos Estados Unidos. Na mesma linha, seguiu-se Momma and the Meaning of Life (1999). O seu primeiro romance foi o já citado Quando Nietzsche Chorou, publicado em 1992.
De Olhos Fixos no Sol foi o segundo livro que li de Irvin D. Yalom, uma viagem proporcionada pelo testemunho de pacientes anónimos que nos dão a conhecer a sua experiência com a morte.
Mais recentemente, li A Cura de Schopenhauer. Posso dizer que esta última obra me marcou de uma forma diferente. Mais avassaladora.
A Cura de Schopenhauer é a história de Julius, um terapeuta de sucesso que, perante a iminência da morte, se vê obrigado a fazer um balanço de toda a sua vida. Philip Slate foi um ex-paciente a partir do qual Julius recorda o grande falhanço da sua carreira.
Na tentativa de fazer as pazes com o seu passado, Julius contacta-o para fechar o último capítulo deixado em aberto. Mas Philip é agora um homem diferente e propõe uma troca. Simultaneamente o autor tece a teia da história verídica de Arthur Schopenhauer e envolve-a na narrativa, provocando uma leitura compulsiva e oferecendo uma lição sobre a influência do filósofo alemão no pensamento contemporâneo.
A narrativa de A cura de Schopenhauer move-se em várias direcções, mas todas elas convergem num todo. Uma maravilhosa aventura emocional e intelectual, de deslumbrante intensidade.
Um misto de Psicologia, Psiquiatria, Filosofia, drama e romance, que nos faz voar além do imaginário.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
"Precious"
Um filme de Lee Daniels, com Gabourey 'Gabby' Sidibe, Paula Patton, Mariah Carey, Mo'Nique e Lenny Kravitz, nomeado para seis categorias de Óscares da Academia de Hollywood.
Estreia amanhã, dia 11 de Fevereiro de 2010.
"Em primeiro lugar, o homem nunca é feliz..."
"Se te interessas muito por Filosofia..."
"A Filosofia é uma estrada isolada..."
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Sobre a "Teoria das Ideias" de Platão
A Teoria das Ideias advém dos pressupostos teóricos detectados na questão fundamental dos diálogos platónicos – “O que é X?”. O simples facto de perguntarmos o que é um determinado x já é algo que nos transcende. A realidade não se reduz, portanto, àquilo que dela nos aparece. Platão acentua bem esta última declaração numa passagem da República, ao afirmar que “tudo no sensível é e não é aquilo que dizemos [ou vemos] ser”.
Para o filósofo há dois planos fundamentais: o plano do transcendente (ou inteligível) e o plano da imanência. O primeiro, como o nome indica, transcende a esfera da nossa experiência e pressupõe uma “leitura interior”. Nele, existe o próprio x encarado em si e por si mesmo. O segundo plano assenta na esfera da nossa experiência mais imediata sendo, claro está, o plano do sensível ou visível, onde não temos uma coisa x, mas sim várias coisas x.
Platão, com a sua teoria, pretende mostrar que as coisas sensíveis são apenas sombras ou, de outra forma, imagens imperfeitas derivadas das ideias. Para o mestre de Aristóteles, as ideias são formas, modelos perfeitos, arquétipos, eternos e imutáveis, que constituem o tal mundo transcendente. Os particulares existentes no mundo nascem e morrem; as ideias permanecem.
Suponhamos que estamos perante várias coisas belas: um livro, um quadro e uma flor. Todas elas diferem umas das outras de várias e óbvias maneiras mas, se formos excluindo todas as características das quais não partilham, chagamos ao que têm em comum. Neste caso, todas as coisas citadas são belas. A beleza é, aqui, a ideia da qual este conjunto de particulares apresentado participa. Ela tem de existir além de todas as coisas sensíveis que existem, pois nenhum dos particulares é a beleza em si.
Tudo o que nos chega da experiência sensível é apenas o reflexo efémero da ideia. Para Platão, só através da reflexão filosófica, ou seja, de ler o mundo com os olhos da inteligência, podemos alcançar o verdadeiro conhecimento: o conhecimento das ideias perfeitas.
Sara Gonçalves
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Ensinaste-me que o céu é o limite
Que para o atingir, bastava lutar
E não permitir que qualquer sentimento triste
Nos impedisse de sonhar.
Ensinaste-me a vencer batalhas
E a aprender com as derrotas.
Num mundo cruel, cheio de armadilhas,
Mostraste-me como enfrentar as horas,
As horas que correm no relógio da vida
E que agora me ferem com tal celeridade.
Tantas, tantas saudades da partilha escondida
Que outrora me enchia de felicidade!
Ensinaste-me tudo o que podia aprender
Talvez até mais do que possas imaginar!
Só não me disseste que nunca me irias oferecer
A tua mão, na escuridão deste lugar.
Assim como eu me esqueci de te contar
Que o meu limite não é o céu estrelado,
Mas alguém que, com um simples olhar,
Me fez respirar o mundo inteiro: Tu.
Torres Vedras, 8 de Fevereiro de 2010.