quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Madame Bovary

Ontem, tive a minha primeira aula de Literatura e Cinema. Nela aprendi que uma obra de arte é mais inteligente do que nós. Tanto assim é que, embalados pelos efeitos visuais e pela banda sonora de um filme, esquecemo-nos que até o seu nome tem um carácter simbólico pronto a ser descortinado. Usemos o exemplo de Madame Bovary, um romance escrito por Gustave Flaubert que resultou num escândalo ao ser publicado, em 1857, e que, mais tarde, deu origem ao filme com o mesmo título. Este representa o que há de mais íntimo na mulher francesa do século XIX. E o mais incrível é que, concentrando-me no filme, posso agora afirmar que nem é preciso assistir à obra para o saber.
A psicanálise afirma que a maioria das pessoas só tem em conta o referente, "a coisa em si", e o significado, aquilo que "a coisa" significa para nós, mas nunca o significante. Este último diz respeito ao suporte material, ao som. Vejamos então o que sucede quando atendemos ao significante de "Bovary": "bo" lê-se "beau" que é a palavra francesa para bela; "vary" é "varia". Portanto, Madame Bovary é bela e instável, tal como todas as mulheres da sua época. Mas há mais: o seu primeiro nome é "Emma", ou seja, "ela amou". "A mulher instável que amou".
Estou rendida. Alguma vez tinham pensado nisto?

Sara Gonçalves

3 comentários:

  1. Ta correcto...
    O ser humano é previsivelmente instável, na maioria das vezes sem conseguir mandar nos nossos sentimentos...

    Então:
    Mulher que amou,
    instável ficou;
    e no futuro amar,
    pra estável ficar.
    lol
    ass: Telmo
    bjs

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  2. Eu não,não tinha pensado nisso, confesso, rendido.

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  3. Ontem tive a minha primeira aula de mestrado com o Prof. Sérgio. E, se não tivesse já lido isto, também teria ficado surpreendido.

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