sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Silêncio das Palavras

Há um lugar onde espero

Pelas palavras que guardas em ti.

Porque as guardas

Eu não sei.

Só posso prometer esperar

Neste aqui que nem é tempo

Nem é espaço,

Talvez seja sonho

(Disso não posso estar certa).


Recôndito recanto,

Tão meu,

Tão estranho.

(Se não fosse estranho

Não seria meu).

Lugar conhecedor de segredos

Selados pelos lábios

Que se fecham

E que instalam o silêncio

De quem tem tanto por dizer,

Mas que nada diz.


Ao maior dos medos

Eu não faço frente.

(Tu também não).

Do espelho contemplo a imagem

De bailarina assustada

Com vozes distantes

Que se ouvem por detrás das cortinas

De veludo

Das quais trespassa a êxtase

De querer tudo

E não ter nada.

Ainda.


Ainda que erige

Tão ténue lacuna entre

O presente insatisfeito

E o futuro omnienglobante.

Entre o nada que se tem

E o tudo que se deseja.

Em silêncio.


Sara Gonçalves,

Braga, 3 de Dezembro de 2010.

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