Há um lugar onde espero
Pelas palavras que guardas em ti.
Porque as guardas
Eu não sei.
Só posso prometer esperar
Neste aqui que nem é tempo
Nem é espaço,
Talvez seja sonho
(Disso não posso estar certa).
Recôndito recanto,
Tão meu,
Tão estranho.
(Se não fosse estranho
Não seria meu).
Lugar conhecedor de segredos
Selados pelos lábios
Que se fecham
E que instalam o silêncio
De quem tem tanto por dizer,
Mas que nada diz.
Ao maior dos medos
Eu não faço frente.
(Tu também não).
Do espelho contemplo a imagem
De bailarina assustada
Com vozes distantes
Que se ouvem por detrás das cortinas
De veludo
Das quais trespassa a êxtase
De querer tudo
E não ter nada.
Ainda.
Ainda que erige
Tão ténue lacuna entre
O presente insatisfeito
E o futuro omnienglobante.
Entre o nada que se tem
E o tudo que se deseja.
Em silêncio.
Sara Gonçalves,
Braga, 3 de Dezembro de 2010.
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