segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cenário de Verão

Conhecem aqueles finais de tarde de Verão que nos fazem encarar o mundo como um lugar melhor? Aquele sentimento de paz que nos acaricia o coração fazendo-o até suspirar de saciação? Eu conheço-o bem. Hoje, conheço-o bem.

À minha frente vejo um quadro pintado com as mais belas cores da natureza, envolto num cheiro de maresia, tão característico desta terra. O sol desce lentamente num céu maioritariamente azul manchado com diferentes tons de laranja e rosa. As rochas começam a aparecer à medida que a maré vai vazando. Já as ondas constroem uma melodia capaz de adormecer uma criança depois de um pesadelo. Avistam-se algumas pessoas nesta praia que mais parece um pequeno paraíso escondido neste país contemplado com o grande oceano. O vento do Norte emigrou, resta apenas a doce brisa que dá as boas-vindas à lua. Conseguem visualizar este cenário lendo apenas estas linhas, curtas linhas, que não chegam nem perto da realidade?

Tudo isto pode ser (e é) passageiro. Posso estar a ter uma ilusão. Descartes perguntar-se-ia, colocando em prática o seu método que privilegia a dúvida, se não estaria a sonhar. Mas… e se o cenário for mesmo real e amanhã chover? Tudo desaparecerá. O belo encontrará o seu fim. Alguns desejam mesmo que chova - falo dos agricultores que anseiam por uma boa colheita, dos amantes do Inverno e de tantos outros. Não obstante, nem os homens que preferem o cinza à cor poderão negar a beleza que avisto, aqui, sentada nesta areia agora um tanto fresca.

Olho o horizonte e devolvo-lhe o sorriso. Acabei de ter um doce momento de escrita, diria mesmo de reflexão. Haverá muitos como este?

Sara Gonçalves

28 de Julho de 2011, Santa Cruz – Torres Vedras

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