domingo, 9 de outubro de 2011

"A Rosa e a Esperança" vence 1º prémio

Caros leitores,
É com grande contentamento que informo que o meu poema A Rosa e a Esperança foi galardoado com o 1º prémio do concurso de poesia sobre o tema "A Vida e a Morte", no âmbito das Comemorações dos 20 anos do Novo Hospital de Guimarães.

Dedico-o inteiramente à minha avó Conceição, a estrela que me guia todos os dias. Foi a pensar nela que escrevi os versos que se seguem.


A Rosa e a Esperança


Costumo olhar as rosas

Com o espanto inocente

De quem se admira

Com o simples semblante da natureza.

Em tempos, não olhava a sua beleza,

Só o seu murchar,

Esse murchar moroso; inquietante;

Fatal.


Mas, de que me adiantava

Encarar as rosas como um simples adorno,

Um nada disfarçado de cor?

A efemeridade de cada rosa

É a minha própria efemeridade.

A utopia de uma eternidade inatingível

Tornou-se na plenitude do agora,

Naquele momento -

Longo e súbito momento -

Em que ao quadro multicolor da existência

Se sobrepôs a escuridão.


Depois da escuridão,

O despertar.

O despertar de um sono dogmático

Em que até então havia estado mergulhada.

Cresceu em mim a vontade de tomar

Todos os elementos mundanos

Como seres supremos,

Dotados de uma tal força singular

Que é agora minha condiscípula

Nas horas de maior debilidade.


O cheiro das rosas é doce,

A sua quietude perfeita.

Contemplo tudo o mais que há de belo,

Ainda que a beleza não passe

Desse fio ténue que tem por baixo

Um abismo colossal.

Que me importa?

Não há maior prazer

Que o prazer do Mundo em si.


Aprendamos a viver,

Pois essa é a maior das aprendizagens.

Retiremos partido de tudo

Quanto nos aconteça.

Quando a noite chegar

E o frio se fizer sentir,

Lembremo-nos da beleza da rosa

E de todas as outras flores do jardim

Que ainda queremos contemplar,

Cheirar, acariciar, amar.


Porque a morte - esse fim que adormece

Todos os dias a nosso lado -

Não nos permite apenas

Falar da vida.

A morte dá-nos a força

Necessária para vivê-la.

Assim se unem os contrários,

Morte e vida, vida e morte,

Neste Mundo tão cheio de antíteses

Que não são mais do que espelhos de um

Todo.

A esse Todo chamo

Esperança.


Sara Gonçalves,
21 de Junho de 2011 - Braga.

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