sábado, 24 de abril de 2010

Para a minha querida escola

Hoje, e não me perguntem porquê hoje – eu não sei -, decidi ir ver fotografias e vídeos da minha antiga escola, em Torres Vedras. Invadida por uma enorme nostalgia, achei que seria bonito colocar aqui um artigo que publiquei, no ano lectivo 2008-09, no jornal da associação de estudantes da Madeira Torres “Feedback”. Também já o havia publicado no meu antigo blogue. Para quem não leu, aqui fica uma vez mais o meu testemunho.


“Madeira Torres”, minha querida escola

Como dizia André Leroi-Gourhan, “As imagens têm duas maneiras de cativar: pelo que contêm de belo e pelo que conservam do pensamento”.

Quando olhei para as tuas paredes pela primeira vez, elas nada me disseram. Envoltas num profundo silêncio, ignoraram a minha chegada a um lugar que eu já conhecia, mas só de ouvir falar. No entanto, com o passar do tempo, como que por magia, elas começaram a ganhar cor e a aconchegar a minha estada. Fui-me apercebendo que a escola, mais do que um simples espaço onde se aprende matérias de diversas disciplinas, é o nosso segundo lar (um paraíso, até). Quase sem dar por isso, passamos a saber de cor onde fica cada sala, cada mesa, cada cadeira. Os professores sorriem-nos ao passar por nós e os funcionários ralham quando não passamos o cartão magnético, o que, a início, irrita, mas, depois, faz rir. São essas tuas paredes as testemunhas de tais acontecimentos. Atentamente, vêem sorrisos, ouvem choros, respiram perfumes, aplaudem vitórias e lamentam derrotas. Hoje, são o espelho de momentos que, por mais pequenos que possam parecer no instante em que os vivemos, nos marcam.

As horas passam, os dias correm, o tempo voa. Um dia, chega a hora de nos despedirmos. Lembro-me que no meu último dia de aulas do 12ºano, olhei à volta, aproveitando cada segundo (naquele momento, ainda mais efémero) e vi à minha frente imagens passadas num espaço que se tornou tão marcante na minha vida. Isto porque foi nele que eu aprendi com os melhores professores, fiz os melhores amigos e participei nas actividades mais divertidas. É por isso que, falando não apenas por mim, mas também por todos aqueles que amam esta escola tal como eu, digo com toda a ternura: obrigada “Madeira Torres”. És uma das cinco melhores escolas a nível nacional; no meu coração, ocupas inexoravelmente o primeiro lugar.

Cativas-me pelo que tens de belo e pelo que de ti conservo no pensamento.

A tua sempre aluna,

Sara Gonçalves

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O sonho mais alto de todos os sonhos

Naquele doce lugar onde eu esperava

Apareceste tu, carinhosamente, a sorrir.

O mais belo Sol do mais belo céu brilhava

Por cima dos olhares que não queriam mentir.


Eras tu, personagem de todos os meus sonhos,

Aquele que em sonhos chegava e partia sem dizer adeus.

Estavas agora diante dos meus olhos,

Pronunciado palavras desarmadas de todos os véus.


A essas tuas palavras eu respondi com beijos,

Aos meus beijos tu respondeste com amor,

Submersos na insânia dos desejos

Esquecemo-nos do tempo e do seu fulgor.


Quando acordei tudo se havia desvanecido.

Mais uma vez! Mais uma vez apareceu

Esse incansável e arrasador destino

Que é o final de cada sonho meu.


E este era o sonho mais alto de todos os sonhos.


Sara Gonçalves

Braga, 23h30, do dia 23 de Abril de 2010.

O dia em que voltei a escrever um poema.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Páscoa

Desejo a todos os meus leitores uma santa e feliz Páscoa!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Feira do Livro de Lisboa 2010

Caros leitores:

A APEL já revelou que, este ano, a Feira do Livro de Lisboa decorrerá entre 29 de Abril e 16 de Maio.

O Parque Eduardo VII vai, mais uma vez, transpirar cultura!

quarta-feira, 24 de março de 2010

«Elevando-nos em afectos mais ardentes...»

«Elevando-nos em afectos mais ardentes por essa felicidade, divagámos gradualmente por todas as coisas corporais até ao próprio céu, donde o Sol, a Lua e as estrelas iluminam a terra. Subíamos ainda mais em espírito, meditando, falando e admirando as vossas obras. Chegámos às nossas almas e passamos por elas para atingir essa região de inesgotável abundância, (…) a própria Sabedoria. (…) Antes, não há nela ter sido, nem haver de ser, pois simplesmente «é», por ser eterna.»


Santo Agostinho, in Confissões.

terça-feira, 23 de março de 2010

Ennio Morricone in Venice


Comprei, recentemente, uma edição de luxo de Ennio Morricone intitulada Ennio Morricone in Venice - Live at Piazza San Marco. O pack traz o dvd do concerto na Praça de S. Marcos, em 2008, dois cd's e um book sobre as músicas.
Juntamente com a orquestra sinfónica de Roma (que é, no mínimo, espectacular!), Morricone oferece aos seus fãs e a todos os bons apreciadores de música clássica um concerto memorável.
Ao assistir ao evento pelo pequeno ecrã, senti arrepios do início ao fim.
Aconselho vivamente a compra deste pack (podem adquiri-lo em qualquer Fnac do país por 29,90 euros). Além da maravilhosa comunhão entre maestro e orquestra e, claro, da singularidade das músicas do compositor italiano, o dvd mostra belíssimas imagens de Veneza, bem como algumas frases inspiradoras.
Ennio Morricone nasceu em Roma, em 1928 e, ao longa da sua vida, já foi responsável pela composição e arranjo de mais de 500 filmes e programas de televisão.
Das suas trilhas sonoras mais conhecidas, destaco Era uma vez no Oeste (1968), Era uma vez na América (1984), A Missão (1986), Os Intocáveis (1987), Cinema Paraíso (1988) e Lolita (1997).
Ennio Morricone venceu cinco prémios BAFTA entre 1979 e 1992.
Foi também nomeado pela Academia de Hollywood para cinco Óscares de "Melhor Banda Sonora Original" entre 1979 e 2001.
Em 2007, Morricone recebeu pelas mãos do actor e realizador Clint Eastwood um Óscar honorário "pelas suas magníficas e multifacetadas contribuições musicais ao cinema".

Se quiserem saber mais sobre este meu ídolo, aqui fica o endereço na Internet:

http://www.enniomorricone.com/

Deixo também alguns links com partes de alguns concertos, um deles com a presença da grande figura da música portuguesa (com quem Morricone gravou um disco - Focus -, em 2003), Dulce Pontes.

http://www.youtube.com/watch?v=XvBT9sqXnew
http://www.youtube.com/watch?v=1FzVWlOKeLs
http://www.youtube.com/watch?v=ZNGe7iK1O-4
http://www.youtube.com/watch?v=D1duY7YR8UM

Caros leitores... deliciem-se!


Sara Gonçalves

sábado, 13 de março de 2010

"O mundo não é feito de coisas, mas sim de factos"

O sol estava alto, quente e aconchegante.

Na mais bela cidade, havia de tudo um pouco naquela manhã de Sábado: miúdos a brincar, pais a namorar, idosos a conversar na “Brasileira”, escuteiros a vender baralhos de cartas para o dia do pai, comerciantes com discursos retóricos. No meio de todo aquele cenário, foi o essencial, invisível aos olhos, aquilo que me despertou mais a atenção: a alegria daquela gente perante uns simples raios de sol.

Todos nós pensamos que são as “coisas” que formam o mundo. Aqui está o erro da Humanidade. Como diria o filósofo Wittgenstein, "o mundo não é feitos de coisas, mas sim de factos". Se um indivíduo comprar um carro e atropelar alguém, foi o seu acto que fez mudar a vida das pessoas envolvidas e não o objecto. Os bens materiais são o que de menor há no nosso planeta, ainda que muitos, ao criá-los, tenham alcançado o apogeu da sua carreira.

Cada vez mais se fazem filmes e livros sobre o fim do mundo, nomeadamente sobre o dia 21 de Dezembro de 2012 que, segundo consta no calendário dos Maias (que previram e acertaram na chegada do homem branco, Hernan Corteza, em 1519, por exemplo) porá termo ao planeta Terra tal como o conhecemos hoje. Se tal acontecer, todas as coisas que fomos adquirindo ao longo de uma vida se tornam supérfluas, pois desaparecerão da nossa vista num ápice.

Pergunto: Se sobrevivêssemos a uma catástrofe, o que restaria?

Respondo: Recordações.

Acredito que a memória é o bem mais precioso do Homem, pois é ela que preserva os factos que constroem o mundo. Não são os escritos, os documentários, não! É na nossa cabeça que está tudo aquilo que fomos, somos e tudo aquilo que, um dia, queremos vir a ser.

Se aliarmos a força da mente às sensações, podemos dar a volta ao mundo em 80 dias, tal como nos contou Júlio Verne. Porém, o Homem já não quer dar a volta ao mundo. O Homem quer passar férias na Lua e tentar provar que há vida em Marte para depois se mudar para lá (seria mais fino).

O mesmo animal que passou por guerras mundiais sangrentas, que foi prisioneiro de campos de concentração, que foi escravo de gulags, que chorou e chora com perdas irremediáveis, só olha para as “coisas” e não para uma História que deveria servir de estímulo para remediar males passados e evitar tragédias futuras.

Destruímos cada vez mais o nosso planeta e, um dia, já não haverá raios de sol para alegrar o nosso dia, apenas uma enorme escuridão, a mesma que, neste momento, nos impede de ver o que está diante dos nossos olhos.

Vi a alegria das pessoas que passavam nas ruas com uns simples raios de sol. Mas será que elas sabiam que era o sol o motivo da sua alegria?

O sol estava alto, quente e aconchegante. No entanto, a resposta preferiu vir de encontro à tristeza que vive no meu coração.

Sara Gonçalves,

Braga, 13 de Março de 2010, 20h09m.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A maior tristeza de todas

A maior tristeza de todas é não ter tempo para saborear o gosto do mundo.

Sara Gonçalves

domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Quando Nietzsche Chorou", o filme

Irvin D. Yalom

Quando fiz 19 anos, a minha comadre ofereceu-me um livro intitulado Quando Nietzsche chorou. Disse-me que queria presentear-me com algo relacionado com a Filosofia, mas um pouco mais “leve”, em género de romance.

Lembro-me de ter devorado o referido livro no espaço de pouco tempo e de o ter achado tudo menos “leve”. A obra culmina com a libertação de Nietzsche. Ao conseguir compartilhar a sua solidão com outro ser humano, o filósofo consegue finalmente chorar.

Nunca tinha ouvido falar no nome deste autor. No entanto, com a sua escrita e história hipnotizantes, Irvin D. Yalom passou, desde então, a ser uma referência no meu gosto literário.

Yalom, nascido a 13 de Junho de 1931 em Washington DC, Estados Unidos, é filho de imigrantes russos. Formou-se em psiquiatria na Universidade de Stanford e nesse mesmo lugar vive há já 47 anos.

Tornou-se conhecido quando a sua obra Love's Executioner and Others Tales of Psychotherapy, publicada em 1989, alcançou a lista de livros mais vendidos nos Estados Unidos. Na mesma linha, seguiu-se Momma and the Meaning of Life (1999). O seu primeiro romance foi o já citado Quando Nietzsche Chorou, publicado em 1992.

De Olhos Fixos no Sol foi o segundo livro que li de Irvin D. Yalom, uma viagem proporcionada pelo testemunho de pacientes anónimos que nos dão a conhecer a sua experiência com a morte.

Mais recentemente, li A Cura de Schopenhauer. Posso dizer que esta última obra me marcou de uma forma diferente. Mais avassaladora.

A Cura de Schopenhauer é a história de Julius, um terapeuta de sucesso que, perante a iminência da morte, se vê obrigado a fazer um balanço de toda a sua vida. Philip Slate foi um ex-paciente a partir do qual Julius recorda o grande falhanço da sua carreira.
Na tentativa de fazer as pazes com o seu passado, Julius contacta-o para fechar o último capítulo deixado em aberto. Mas Philip é agora um homem diferente e propõe uma troca. Simultaneamente o autor tece a teia da história verídica de Arthur Schopenhauer e envolve-a na narrativa, provocando uma leitura compulsiva e oferecendo uma lição sobre a influência do filósofo alemão no pensamento contemporâneo.
A narrativa de A cura de Schopenhauer move-se em várias direcções, mas todas elas convergem num todo. Uma maravilhosa aventura emocional e intelectual, de deslumbrante intensidade.

Um misto de Psicologia, Psiquiatria, Filosofia, drama e romance, que nos faz voar além do imaginário.