domingo, 27 de dezembro de 2009

A relatividade humana

Estava a estudar Heraclito e Parménides, quando me apercebi que, de facto, é impossível conhecer verdadeiramente alguém. Estudamos estes autores conscientes de que, se nos esforçarmos, as probabilidades de tirar uma grande nota aumentam. No entanto, nunca podemos ir além daquilo que o nosso consciente nos diz e, como é o nosso consciente que fala e não o deles, torna-se impossível conhecer a verdade. Somos seres relativos por excelência, vemos sempre as coisas segundo o nosso ponto de vista, e é esse ponto de vista que nos limita e faz desacreditar. Aliás, chegamos mesmo alguma vez a acreditar? Por mais que tentemos descodificar aquilo que as outras pessoas nos tentam transmitir através da linguagem, nunca chegamos a saber aquilo que dizem em absoluto. As ideias só são no pensamento e nunca nas palavras. Cá fora, elas não passam de aparências. E é por o ser humano viver no mundo das aparências e não no da realidade, que aquilo que de nós nasce é apenas e só um mar infindável de opiniões.

Assim, só irei até onde a minha imaginação me deixar.

2 comentários:

  1. A riqueza da Filosofia, a paixão que suscita nos iniciados e sempre a vida toda, encontra-se na diversidade e racionalidade dos argumentos. Por ex., Parménides em contraponto com Heráclito, que maravilha de contrastes! Ao longo dos tempos permitindo sempre novas e mais profundas leituras (temperadas pelas épocas, pois claro!).Que gosto admirativo me suscitaram quando jovenzito os li!Que escritos nos suscitaram, que discussões entre os colegas (poucos, e sempre hão-de ser poucos)!Desses poucos quase todos permanecem grandes amigos, porque da ontologia depressa passávamos à prática social e política. Boas leituras! Não esquecer a Tese universitária de Marx «A Diferença entre Demócrito e Epicuro»!Aquela que foi minha orientadoa no doutoramento tem um livro magistral sobre as diferenças e controvérsias entre filósofos, que eu comenetei na Revista VÉRTICE. É isso a Filosofia: difrenças e controvérsias, e é aí que nós vamos amando mais uns do que outros, ou, se preferires, vamos construindo a nossa visão geral do mundo e da vida. Com pedaços deste e daquele, como fez o último dos maiores, Gilles Deleuze.

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