terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os Sinos de "Bel-Ami"

Um pouco sobre Bel-Ami:

Bel-Ami é um romance do escritor francês Guy de Maupassant, publicado em 1885. No retrato de Georges Duroy, o autor traça um perfil subtil e mordaz da sociedade parisiense no final do século XIX. Mais conhecido por Bel-Ami, Duroy é um rapaz pobre que procura afirmação social na “cidade das luzes” e que usa as mulheres como meio para alcançar os seus objectivos.


Os sinos de Bel-Ami:

Nesta obra, Maupassant criou de uma forma sublime a cena da meia-noite, hora em que os amantes George Duroy e Suzanne ficaram de se encontrar para fugir.

Segundo um dos maiores cineastas de todos os tempos, Eisenstein, o “tema fundamental da cena” é desenvolver a mesma sob todas as suas perspectivas, efectuando a passagem de uma realidade empiricamente presente a uma realidade superior, omnisciente.

Esta passagem de Maupassant retrata muitíssimo bem o exemplo de uma “montagem literária”. A lua cheia que surge entre as nuvens escuras ou o lobo que uiva à beira de um penhasco chamam-nos a atenção para as zero horas que se aproximam. Não obstante, são os sinos da cidade que causam um verdadeiro choque no espectador. O seu efeito não é o de anunciar a mera informação horária, mas sim a “meia-noite” fatal. O ecoar é subjectivo e não vem apenas de um lugar: vem de diferentes lugares, de todos os cantos da cidade de Paris, ao mesmo tempo. O objectivo é precisamente levar o espectador a sentir a dor de um homem que se sente abandonado. Os sinos de Bel-Ami são a representação da inquietação febril de Duroy, que a cada badalada, pensa:

“Acabou. Ela não vem”.

Sara Gonçalves


Nota: Bel-Ami será adaptado ao cinema já no próximo ano de 2011. Podem ver o primeiro trailer aqui: http://www.youtube.com/watch?v=PacpX8BkLnk.

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