quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Os Jovens Portugueses e a Leitura

«Há mais jovens a considerar que a leitura é importante para a sua vida pessoal. Em 2007, entre os que tinham 15 a 24 anos, 30,6% consideraram-na "muito importante". Em Março passado, neste grupo etário, já eram 52,4% os que afirmaram o mesmo. Este aumento de 22 pontos percentuais regista-se entre o primeiro e o quinto ano de vigência do Plano Nacional de Leitura (PNL), frisa-se no relatório de avaliação externa daquele programa, que será hoje apresentado em Lisboa.»

Foi esta a notícia lançada hoje pelo jornal Público acerca de um inquérito desenvolvido em Março deste ano, que contou com uma amostra de 1257 indivíduos.

De entre os vários comentários online feitos pelos leitores do diário a esta notícia, gostaria de mencionar um em particular: «O que me preocupa verdadeiramente é o facto de 47.6% dos jovens entre os 15 e os 24 anos não achar a leitura muito importante…». Caríssimo Miguel, de Paço de Arcos, concordo consigo. Ainda que inferior, este segundo número pesa mais.

A leitura tem inúmeras vantagens: estimula o cérebro, aumenta a nossa capacidade de raciocínio, torna o ser humano mais criativo e o seu discurso mais rico. Infelizmente, muitos são os que não vêem estas vantagens e pensam que a fórmula matemática da leitura de um bom livro é a subtracção (ou tempo perdido) e não a soma (ou conhecimento adquirido).

Talvez o principal problema dos jovens, em geral, seja a ausência de estímulo. Muitos são os encarregados de educação que preferem assistir a uma telenovela depois de jantar do que ler O Primo Basílio. Têm toda a legitimidade para o fazer. Contudo, o facto de os mais velhos não gostarem de ler Eça de Queirós não implica necessariamente que não possam ajudar os filhos na busca pelos encantos da leitura. Contar uma história antes de adormecer, ir a uma feira do livro ao Domingo à tarde ou comprar o semanário são encorajamentos que não dão muito trabalho e podem, um dia, gerar bons frutos.

É entre os 15 e os 24 anos que se solidificam as identidades. Por isso, não é demais pedir que, num próximo inquérito, o número de jovens que considerem a leitura importante para a sua vida pessoal seja bastante superior. Ficar satisfeito com a maioria é cruzar os braços.


Sara Gonçalves

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