segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quatro Estações

O Outono traz o vento

Que canta. Consegues ouvir?

É a minha voz que chama por ti.

Em sussurros de esperança

Chama por ti.


Depois, vem o cair das folhas

Que forma um bailado de emoções.

Por que não chegas tu?

Continuo a esperar, esperar.

E as folhas vão continuando a cair


Até chegar o Inverno.

Frio, chuvoso, triste.

Triste como o meu coração

Que de tanto chamar por ti

Perdeu a voz.


Lá se foi a doce esperança!

Nem as andorinhas ma trarão de volta

Nem as flores da Primavera,

Nem nada. De ti só lembranças,

Lembranças cada vez mais ténues.


Um dia, chega o Verão.

Continuo gelada.

Mas o sol raia e ilumina os verdes prados.

Que bonitos estão!

Prelúdio de um novo amanhecer.


No Outono que se aproxima

Eu poderei continuar a sonhar com o dia

Em que me irás ouvir no vento,

Em que me irás ver nas estrelas,

Em que me irás cheirar nas flores do jardim.


Sentir-me a cair nos teus braços como a chuva

Cai por essas estradas que fazem de nós

Seres errantes.

Ora com esperança.

Ora com lágrimas.

Sara Gonçalves

27 de Setembro de 2010

Jardim de Santa Bárbara, Braga.

4 comentários:

  1. É um facto espantoso o modo como as estações se podem identificar tão bem com os nossos estados de espírito. As analogias são profundas, o calor, a alegria, a esperança... O frio, a tristeza, a melancolia… E a forma como se sucede um estado ao outro. Não se passa o mesmo com os nossos sentimentos? Somos filhos do tempo, e partilhamos com ele as suas feridas… mas o que nos torna seres incríveis, é que podemos sempre fazer aparecer um raio de sol no meio de uma tempestade, ou deixar a neve cair quando o calor já nos sufoca.
    Parabéns Sara, mais um poema muito bom.

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  2. Palavras para quÊ, no respirar desta perfeição sentimental, emaranhada nas estações que por elas passamos sem saber onde estaremos amanha se voltamos a ver folhas a cair, se sentiremos esse vento novamente, mas viver sim cada raio de sol, chuva, vento, tempestade, frio ou calor vive-los sempre ao máximo sendo neste mundo inevitável fugir ao destino final....

    Por isso Sara admiro fortemente a tua fonte de calor como invencível e eterna!!! beijos
    ass: Telmo

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  3. Que eu tenha lido penso que este é o teu primeiro poema a sério. Desculpa a franqueza, que é, ao mesmo tempo, um estímulo. Temos Poeta!

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  4. Ricardo: Já falámos na universidade sobre este teu comentário e, mais uma vez, agradeço as tuas palavras. Fico satisfeita ao saber que com a minha escrita fiz aflorar alguns sentimentos como esses que aí descreves. Obrigada por seguires este meu blogue!

    Telmo: Mais uma vez, mostraste-te inspirado! Agradeço todos os comentários que me tens feito aqui neste meu "cantinho" virtual! Só uma coisa: a minha "fonte de calor" não é invencível, tão-pouco eterna... E ainda bem que não!

    Professor Nozes: Não tem de pedir desculpa pela sua franqueza, a sinceridade e a frontalidade são duas das virtude que mais aprecio. Obrigada por não se esquecer deste meu espaço e pelos seus comentários estimulantes! Falando concretamente deste poema, ao escrevê-lo senti que era o melhor que já tinha feito. Por isso, estava precisamente à espera que alguém me viesse dizer o que você disse. Obrigada! Do fundo do coração.

    Beijinhos e felicidades para os três.

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