quinta-feira, 10 de março de 2011

A Revolta do Presidente

A tomada de posse do nosso Presidente da República foi marcada por um discurso proferido num tom a que Cavaco Silva nunca antes nos tinha habituado. Pacifismos à parte, não escondeu o seu descontentamento com o Governo de Sócrates e ainda apelou à massa juvenil que se faça ouvir. "Ajudem o vosso país." "Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo." Ficámos todos sem perceber se esta foi uma estratégia para levar da malta jovem uns quantos sorrisos ou se o nosso PR quer mesmo ver a força de uma «geração à rasca» no próximo Sábado, dia 12 de Março. No entanto, Cavaco Silva, que tem, no fundo, o difícil e ingrato papel de voz da vontade geral, deveria prestar mais atenção à forma como pronuncia a sua opinião. Não nos esqueçamos que nem sempre as manifestações de jovens correm bem, gerando-se muitas vezes violência e, com ela, graves acidentes (não que não concorde com a iniciativa, aliás, concordo e farei parte dela. Se não for ao Porto, mostrarei o meu descontentamento aqui mesmo em Braga. Simplesmente apelo ao bom senso do povo…). A questão que se levanta é esta: até que ponto é que um PR deve apelar à manifestação? Dizer que nós, jovens, somos parte da solução? O que é que podemos fazer? Não somos nós que governamos o nosso país. É o Governo. E no Governo está Sócrates que tem conseguido manter o seu cargo de primeiro-ministro, porque os anjinhos do céu o dotaram de um enorme poder oratório (ainda que o seu campo lexical seja apenas constituído, como diz um professor meu - e bem! - por cinquenta palavras.) Poderíamos ansiar pela queda do PS e por um PSD governante. Porém, isso já todos sabemos que seria (e infelizmente temo bem que será) mudar de cavalo para burro. Não, obrigada! O que fazer então? Para já, vamos manifestar-nos, sim. Mas, vamos, sobretudo, reflectir. Só depois de meditar sobre os assuntos devemos passar à acção. O mal dos nossos políticos é que não usam devidamente a razão antes de dizer disparate (pensar dá trabalho!). Assim já não corremos o risco de entrar nas «Jotinhas» e ir para a AR fazer figuras tristes. Até lá (eu pessoalmente dispenso bem uma carreira política, mas sei que muitos colegas meus fariam um bom trabalho), temos de levar com a malta que pusemos no poder. Sim, fomos nós que os pusemos. E porquê? Bem, posso dizer-vos qual foi a resposta do meu avô quando lhe perguntei o motivo pelo qual fala tanto mal do PM e foi votar nele: «Pá, o gajo fala bem!...». E mais não digo. Também como diz o meu professor, ficámos cansados de ter ido à Índia há uns séculos atrás. E gastar todo aquele ouro do Brasil foi dose (esta é minha)! Recuperar é um processo que leva o seu tempo. Caros leitores: atentem bem nestas minhas últimas palavras…

Sara Gonçalves

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