terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Doce Esperança

Não me conformo com essas palavras

Que sussurras ao meu ouvido,

São aluviões de desejos não-realizáveis,

São sentimentos não-saciados,


Nomes que não correspondem

A qualquer realidade do agora

Ou a qualquer possibilidade

De um amanhã possível.


Mundo que dorme na insensatez

Da moralidade há muito desfeita,

Que se abraça a bem-pareceres

E cessa numa intragável comodez


Que assombra qualquer alma

Que não quer - mas que se conforma,

Vitória a toda esta hipocrisia mundana

Que nos separa com sua tão grande robustez!


Acordar num hoje solarengo,

Sem lugar à lobreguidão do ontem,

Viver a verdade escondida,

Minha querida e doce esperança!


Até pode o amanhã não ser possível,

Mas há um lugar onde o posso imaginar:

Dentro de mim; só tu e eu,

Sem bem-pareceres nem comodez,


Dentro de mim somos nós,

Lugar onde morrem as palavras,

Lugar onde se limpam os choros

Lugar onde nasce o maior dos sorrisos.


Este eu e tu que somos nós

Permanecerá mudo até ao dia

Em que o impossível virá possível

E os sussurros de outrora


Pronunciar-se-ão em voz alta,

Num grito estridoroso e culminante,

Num concretizar desta doce esperança

Que vive ininterruptamente no meu coração.


Sara Gonçalves

Braga, 22 de Fevereiro de 2011.

Sem comentários:

Enviar um comentário