terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nem uma palavra

Nem uma palavra
Oiço dessa tua doce voz
Que se calou.
Nem uma palavra
Sai dessa tua boca
Perfeita.
O passado afasta-se, veloz.
Sem pena de quem amou,
Sem pena da amargurada
Mulher que, oca,
Neste instante te implora.

[Uma palavra.]

Nem uma palavra
Igual a todas aquelas que dizias,
E dentro de ti não aprisionavas.
Nem uma palavra
Sai desse coração
Assustadoramente errante.
Versos sonoros fazias,
Todos eles a mim entregavas
Com essa tua mão
Que logo me tocava. Suavemente.

Mas, agora, nem uma palavra
Me dizes, me entregas, me sopras.
E eu choro.
No silêncio das sombras,
Eu choro.

1 comentário:

  1. Extraordinário poema... fez-me reviver o meu passado tão presente de uma forma tão simples e acutilante, que me arrancou uma ou outra lágrima... " Mas agora nem uma palavra me dizes, me entregas, me sopras e eu choro" ( e como eu choro) continuo sem perceber como estas coisas acontecem, como se podem dar de ânimo leve milhares de palavras q se esvaiem mais tarde ou mais cedo deixando um amargo de boca e uma sensação de impotência atroz... Qto valem as palavras? Qto vale um beijo?

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